terça-feira, 25 de outubro de 2011

Cultura

Depois que os meninos mais velhos excluíram Otávio Júnior de uma partida de futebol, ele andava a esmo pela favela, quando viu um livro deixado no lixo. Foi assim que leu seu primeiro livro, aos oito anos – e só porque naquela tarde faltou luz e não dava para ver televisão. Durante os tempos de escola, andava 20 quilômetros até a biblioteca pública, no centro do Rio de Janeiro.

Ainda caminharia muito por leitura. Em paralelo a cursos de teatro e cinema, desde os 15 anos roda os complexos da Penha e do Alemão lendo histórias para crianças. Passou a se inteirar de projetos e oficinas sobre aprendizado e desenvolvimento por meio dos livros.

Além de um tapete emprestado da mãe para as contações de história, arranjou uma mala onde carregava até 100 livros. Fazia uma espécie de escambo, recolhendo obras de quem não queria mais. Em 2009, juntou seu acervo de 10 anos a uma doação do Ministério da Cultura para inaugurar a primeira “barracoteca” da comunidade. Para o investimento no imóvel, anunciou o projeto na internet e contou com a ajuda do pai, que é pedreiro, para reformar o antigo salão de forró.

Otávio até passou para o outro lado e assinou um livro de memórias: O Livreiro do Alemão (Panda, 2011). Seu projeto de difusão da leitura, chamado Ler é 10 – Leia Favela, segue de pé. E ainda aguarda o dia em que todas as esquinas da favela tenham uma biblioteca: “Enquanto tem muita gente que quer reter o conhecimento, passando de geração em geração, nossa proposta é quebrar esse pensamento e formar uma comunidade mais consciente. O livro tem esse poder”.

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